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A GUERRA LITERÁRIA – Relato de um combatente novo escritor.

Atualizado: 4 de jun. de 2020


Em meados de 2013, quando eu estava trabalhando no coração do deserto do Aravah, em Israel e, em meio as montanhas de pedras e areia, resolvi escrever o meu primeiro livro: O FILHO DAQUELA QUE MAIS BRILHA. Estive trabalhando em um projeto do Ministério do Turismo Israelense em parceria ao Kibbutz Samar, construindo pistas ecológicas para bicicletas MTB.

Neste árduo, porém, prazeroso trabalho, que me ocupava apenas seis horas no dia e cinco dias por semana, em que acampava longe da civilização e só regressava para casa aos finais de semana (sexta e sábado, pois, em Israel o domingo é o primeiro dia útil da semana). Eu tinha muitas horas do dia livre, até porque no verão israelense que é muito longo, chega a escurecer as sete e meia da tarde. Daí, resolvi aplicar todo esse tempo para escrever o meu livro, que já contava com uma pesquisa de sete anos, pois, escrevo romance de ficção histórica (preservando 100% da história e acrescentando a ficção onde os fatos históricos são vagos ou inexistentes).

(Esse é um pequeno exemplo das pistas que construí no deserto)

Comecei a escrever o meu livro, e depois que o projeto acabou (onde teve duração de oito meses), continuei a escrever em casa. E quando me restou apenas os oito últimos capítulos para terminar, resolvi regressar ao Brasil (Niterói, RJ) para terminar o trabalho de escrita por lá, e poder registrar a obra no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, e depois enviar para as editoras.


Passei quatro longos meses no Rio de Janeiro em que todos os dias me dedicava a minha escrita (várias horas freneticamente), em um árduo e pesado trabalho. Pois, por motivos financeiros teria que regressar a Israel o mais rápido possível para trabalhar. Depois da obra terminada, em que também me dediquei uma semana só para revisão de todo corpo escrito, fui ao EDA no Rio e, iniciei o processo de registro. Já com a obra em processo de registro, fui a uma gráfica, imprimi e encadernei quinze copias da mesma, e iniciei a enviar os impressos para as melhores editoras brasileiras de médio e grande porte, em que me custou com os correios e tudo R$ 1.700,00 na época.


Só para ressaltar, até então, investir muito tempo e dinheiro com passagem e hospedagem, além dos custos gráficos e de registro, e correios só para essa primeira fase.

Concluído com sucesso, regressei a Israel, e comecei a ficar ansioso só para receber alguma resposta de alguma editora (como todo iniciante escritor). Depois de três meses de silêncio e para minha frustração, começaram a vir as primeiras negativas respostas, como: ‘seu original é bom, mas por enquanto, não estamos interessados’. Muitas nem responderam, e algumas só responderam depois de seis a nove meses, também com um singelo NÃO, dizendo destruir as cópias recebidas.


Um dos pontos negativos na época em que enviei os originais, foi de não possuir perfil em rede sociais. Pois, por ideologia e depois de muitos transtornos, deletei todos, e olha que eu tinha muita influência nas redes, já tendo um perfil no facebook estourado e o segundo com mais de três mil, e algumas páginas até com vinte mil assinantes e grupos de cinco à dez mil, por conta dos meus trabalhos sustentáveis e socio-ecológicos (o que me veio como ponto positivo de sair das redes sociais, foi que eu me entreguei totalmente a escrita do livro, sem distrações). E tempos depois conversando com um amigo do ramo literário, ele me disse que a primeira coisa que uma editora faz ao receber um original é pesquisar o autor nas redes sociais, e ver se ele tem popularidade. Se não tem, nem fazem questão de ao menos ler o material enviado. Então, cruelmente percebi que as editoras julgam o livro pela capa. Eu nem rede social digital tinha, e na minha inocência pensava que a obra, a arte e a criação é que valia e, ditava as regras, dava todo o prestígio e julgava o SER.


E dei de cara com o monstro capitalista, publicitário, mercantilista e cruel. Daí, vi que eu tinha que colocar um capacete, vestir uma farda, calçar uma bota, colocar listras pretas e vermelhas no rosto, empunhar uma arma com baioneta, se transformar em um combatente e ir para a tão temida guerra. A GUERRA LITERÁRIA!

(essa é uma caneta arma de fogo, que ilustra perfeitamente a minha situação)

Daí em diante, comecei a estudar novas estratégias e optei por lançar o livro em primeira mão em publicações independentes. Retornei as redes sociais e estudei vários tutoriais no youtube, de como publicar nas plataformas independentes, e iniciei alguns processos. Em primeiro busquei a Amazon, onde publiquei no Kindle Direct Publishing o e-book, e o livro físico no antigo CreateSpace. Produzi a capa no Canvas e a diagramação peguei um padrão no CreateSpace. Pronto! O livro está publicado. Daí, comecei a publicar em todas as plataformas independentes, como: Free-Ebooks, Smachwords, Publique-se (da Saraiva), Lulu, Clube de Autores, BooKess, Bubok, Livrorama, Perse, Kobo, Xinxii, Bibliomundi. E também, em plataformas de leituras online, como: Wattpad, Widbook, Movellas, entre outras. Resumindo, não houve plataforma de auto publicação que não tinha posto o meu livro. Fiz um website de escritor, e isso me aliviou por um pouco espaço de tempo. Também, procurei entrar em todos os grupos que achei no facebook de autores, escritores, leitores e simpatizantes. Me lembro que fazia tanta divulgação na época, que fui sinalizado e penalizado varias vezes pelo mecanismo de segurança do facebook (que louco isso, você pode participar de vários grupos temáticos, mas não pode postar o mesmo artigo em mais de quinze grupos).


Por tanto, passado um ano, com muita divulgação (em que paguei no facebook, instagram e google AdWords), não obtive resultado algum. Pois, a publicação independente é muito cara e economicamente inviável. Onde um exemplar, chega a custar de R$ 80,00 a R$ 100 reais com o frete. Quem irá comprar uma obra por melhor que seja, de um cara desconhecido por esse absurdo...


Frustrado, decepcionado e enganado. Desiludido resolvi investir em outra tática. Fiz uma lista de pessoas influentes no ramo literário, escrevi cartas e enviei exemplares impressos pelo Clube de Autores (por ser um material de alta qualidade, impresso em papel polén). Só nessa brincadeira investi mais de R$ 1000,00, pois, pensei: se eu não investir nesse meu projeto, quem irá investir...


Também, para o meu pesar nada aconteceu, nenhuma resposta. Silêncio profundo e agonizador!

Depois, de tanto tempo e dinheiro investido, resolvi, também, com muito pesar, me silenciar!

Até que me veio a proposta da Chiado Books, uma editora portuguesa de co-participação, em que eu tinha que angariar 170 exemplares, investir um montante de grana (R$ 8.700, e lavai lascada), e tentar recuperar esse investimento vendendo os 170 exemplares que adquirir. A Chiado se propôs, em distribuir os livros em algumas livrarias, colocar em sua plataforma online (em que a vantagem é que ganho 50% em direitos autorais, em que o livro com 570 páginas é vendido por R$ 50,00 com frete grátis para todo o Brasil, e em outras plataformas e livrarias, no livro físico, ganho 15%, isso é bastante satisfatório e justo), divulgar em eventos literários promovidos por ela e os seus parceiros, e colocar em estantes literárias nas bienais de livros internacionais e nacionais no Rio e em São Paulo. Então, resolvi de novo arriscar, e por ora, estou meio que anestesiado da angústia e frustração de ser um novo escritor na nossa injusta guerra literária portuguesa-brasileira.


Vi na Chiado uma parceria, com muita flexibilidade (pois, ainda posso ter meu livro no KindleUnlimited, promovido por mim, e sem nenhum problema e divergências contratuais), em que sou eu que invisto em divulgação, logística e marketing como um autor independente, mas, porém, tenho um suporte de assessoria e planejamento da Editora Chiado. O que não faz me sentir sozinho nessa guerra do mercado literário. A Editora Chiado é uma parceira em co-publicação, e nada mais que isso, de um lado ela não te dará muito suporte como as grandes editoras, porém, de outo lado, não irá te sufocar com contratos exclusivos prioritários.

Aprendi muito nesse meu trajeto com minha primeira publicação. Vi muita hipocrisia por parte da criação literária, onde quem tem fama e dinheiro pode ter um livro publicado por pior e ruim que seja em uma grande editora, além de ter resenhas de agentes, booktubers, e representantes literários, e toda mídia por detrás disso. Mas, também, vi muita porcaria publicada, nas plataformas independentes. O povo brasileiro de tanto assistir telenovelas, acabaram sendo culturalmente influenciados por elas, escrevendo romances tolos, foscos e chulos... há muita porcaria nessas plataformas, e no meio de tantas pedras comuns, como achar um pequeno diamante de raridade e valor, sendo seu brilho ofuscado pela montanha de pedras acinzentadas.


Daí, fica a pergunta: como um novo escritor, com muito talento e dom e criatividade inata, pode ascender como uma cheirosa flor de lótus de branquitude alvejada em meio a água podre, cinza e fedida da nova ordem literária atual?

(essa flor de lótus branca, fui eu mesmo que plantei, nos meus projetos ecológicos de construção de piscinas naturais em Israel)

Tem que ser bom! Tem que ter atitude e fé decida, e acreditar em si mesmo. E, acreditar em si mesmo, é investir em si mesmo, no seu sonho, na sua obra e no seu talento. Eu não me arrependo de gastar o dinheiro que investir (e ainda invisto), que poderia comprar um carro novo, ou até uma pequena propriedade em algum interior do Brasil. Não obtive ainda resultados glamourosos, mas estou subindo a difícil montanha com um primeiro livro que para mim, tem o peso do mundo. Não serei vencido pelo cansaço, pela fadiga, pela falta de incentivo até de amigos e familiares que me criticam, ou desse podre mercado literário capitalista. Eu investi em tudo, até em revisões. Quanto gastei... te digo meu amigo e minha amiga... que perdi a conta, pois, ultrapassei mais de R$ 100.000,00, nesses sete anos de pesquisa e quatro de escrita, fora os processos burocráticos. Não tenho mais como regressar... agora só avançar.


Acredito em você (O FILHO DAQUELA QUE MAIS BRILHA), meu filho amado, e não te abandonarei até atingir a excelência que você merece.

A minha maior tristeza, não é por mim e minha jornada literária, mas sim, pelos muitos bons autores, potenciais escritores e talentos inatos, que não tem recursos financeiros para investir nessa guerra.


Conclusão: Se você é um escritor em que as suas palavras nascem do coração, escreve por prazer pessoal da escrita e não por fama, modismo e dinheiro. Acredite e invista em si mesmo e no seu talento e obra. Junte dinheiro, deixe de ir a bares e festas e invista no seu dom, pois, se você não se sacrificar por ele, ninguém o fará. Lembre-se! O mundo literário hoje em dia é uma guerra, em que você vivenciará muitas derrotas em batalhas, mas essas derrotas te farão mais fortes, verá que é preciso estratégias, investimentos bélicos, coragem e muita força para o fim da guerra. Eu ainda estou no campo de batalha, só que mais apto a vencer como um solitário e imaginativo sonhador, e disposto a morrer por minha Grande Obra: O FILHO DAQUELA QUE MAIS BRILHA – A incrível saga do Quilombo dos Palmares no Novo Mundo.


Lembre-se! Jogue limpo nessa guerra... por mais suja que ela seja! Você pode até perder algumas batalhas nessa GUERRA, mas enquanto não desistir: NUNCA SERÁ DERROTADO!!!

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