TRATADO GNÓSTICO 017: A Expulsão dos Vícios pelo Fogo da Consciência
- Jp Santsil
- 3 de abr.
- 16 min de leitura
“Aquele que vencer, herdará todas as coisas; e Eu serei seu Deus, e ele será Meu filho.” — Apocalipse 21:7
Há um jardim interior. Nele, florescem as virtudes da alma: a Compaixão, a Sabedoria, a Justiça, a Misericórdia, a Verdade e o Silêncio. Porém, como sombras no Éden interno, rastejam os vícios: a Ira, a Luxúria, a Avareza, a Inveja, a Preguiça, a Gula e o Orgulho. São entidades vivas que se alimentam das energias psíquicas do ser humano inconsciente, multiplicando-se no labirinto da mente inferior — o "Eu Psicológico", a legião de pequenos "eus" que obscurecem o Sol do Espírito. Minerva, arquétipo da Sabedoria Divina, a Sophia dos gnósticos, surge como a força da alma desperta, brandindo a lança da Vigilância e o escudo do Conhecimento Interior. Sua missão é clara: restaurar o Jardim das Virtudes, purificando-o com o Fogo do Espírito, expulsando os invasores com a luz da Consciência. Ela é a contraparte de Kundalini em ascensão, a Serpente Alada de Hermes Trismegisto que sobe pelos sete portais da Árvore da Vida.
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.” — Romanos 7:19
O apóstolo Paulo identificou com precisão a cisão do ser. A alma deseja o bem, mas a mente está sob domínio de forças ocultas, psíquicas, que operam por meio de hábitos, traumas, crenças e impulsos não redimidos. Esses "eus" psíquicos — fragmentações do verdadeiro Eu — são o resultado da queda do homem no tempo, desde a ruptura do estado adâmico primordial até a repetição kármica do samsara descrito por Buda. O Eu Psicológico é a ilusão do "eu separado", o "nafs" dos sufis em seu estado inferior. Ele é alimentado por identificações, apegos e desejos. Ele vive no passado e no futuro, jamais no agora, pois teme a luz do instante presente, onde Deus se revela. É por isso que Yeshua dizia: “Negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24). Essa negação é a eliminação progressiva do eu inferior, não a negação da alma, mas da persona ilusória.
“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” — Mateus 5:8
A pureza não é moralismo, mas estado de ser. Hermes Trismegisto escreveu: “O que está embaixo é como o que está em cima”, e assim, o microcosmo do ser humano reflete o macrocosmo divino. Purificar o coração é alinhar o templo interior ao Coração do Uno. O processo alquímico de transmutação — solve et coagula — atua sobre o chumbo dos vícios, convertendo-o no ouro da virtude pela labuta do autoconhecimento e da auto-observação.
Krishna instrui Arjuna: “Seja imparcial com prazer e dor, ganho e perda, vitória e derrota.” (Bhagavad Gita 2:38). Esta equanimidade é o solo fértil para as virtudes se desenvolverem. Lao Tsé vai além e diz: “Conhecer os outros é inteligência; conhecer a si mesmo é verdadeira sabedoria.”
Mas não basta o conhecimento intelectual: é preciso a ação interna — a vigilância constante, a oração ativa, a meditação profunda, a renúncia dos apegos. O verdadeiro guerreiro da luz, como disse Zaratustra, não combate com espada de ferro, mas com a espada de fogo do discernimento. Ele mata os "eus" com amor, com luz, com presença.
“O Altíssimo criou o homem para ser eterno, e lhe deu domínio sobre todas as coisas.” — Sabedoria 2:23
No Livro de Enoque, os anjos caídos ensinam os homens a corrupção, o egoísmo e a vaidade. São arquétipos dos pensamentos que descem da alma superior e se pervertem no abismo do desejo. O Jardim das Virtudes se torna então um campo de batalha — e é Minerva, como Sophia em ação, que deve restaurar a ordem, expulsando os vícios como Yeshua expulsou os vendilhões do templo. Os vigilantes caídos são projeções dos próprios eus psíquicos, alimentados pelas paixões humanas. Mas o Eterno estabeleceu um Juízo: todo aquele que desperta será juiz de si mesmo. A balança de Maat, a Justiça divina, não é aplicada apenas no além, mas agora, no interior de cada um. O coração deve ser mais leve que a pluma da Verdade.
“Antes que AVRAHAM (Abraão) existisse, EU SOU.” — João 8:58
Essa declaração de Yeshua revela o segredo dos segredos: o EU SOU é o Nome de Deus, revelado a Moisés no Sinai (Êxodo 3:14), mas também o Nome do Ser Interior, do Logos manifestado em cada ser desperto. Quando o Buscador e a Buscadora se ancora nesse Nome, ele/ela acende o Fogo da Alma, e esse Fogo, como Minerva, começa a expulsar os vícios. No sufismo, esse estado é chamado de Fanāʾ — a aniquilação do ego para fundir-se no Amor de Deus. É o mesmo que os alquimistas chamam de mortificatio: a morte do eu inferior para que nasça o novo homem, o Adam Kadmon da Kabbalah.
“A alma que se purifica é como o ouro refinado sete vezes no fogo.” — Salmos 12:6
Minerva continua sua obra no silêncio dos corações puros. O Jardim das Virtudes está sendo restaurado em cada ser que ousa enfrentar seus próprios demônios. A guerra é interna, o exílio é psíquico, e o retorno é espiritual. Que o buscador e a buscadora da Verdade não temam a escuridão de seus próprios labirintos. Como dizia Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.”. Pois ao reconhecer as máscaras do ego, abrimos espaço para a Luz do EU SOU brilhar — e, assim, a alma retorna ao seu lugar de origem: o seio do Infinito Amor.
"Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me."— Yeshua Ha’Meshiach (Lucas 9:23)
No coração do Silêncio Sagrado, onde cessam os ruídos do mundo e apenas a Luz da Consciência resplandece como um sol interno, mora a Verdade que liberta: A vitória espiritual não está em acumular conhecimentos, mas em morrer em si mesmo. Morrer para o ego, para os eus, para os vícios que contaminam o Jardim das Virtudes da Alma. Essa morte não é simbólica. É literal, ainda que ocorra em planos invisíveis. E ela é realizada, não por esforço mecânico ou vontade humana, mas pela operação sutil, misteriosa e infinitamente amorosa da Divina Mãe Interior, a Face Feminina do Ser, a Shekinah oculta no véu do Santo dos Santos.
O primeiro passo é a auto-observação constante. Disse o Mestre do Caminho:
"O Reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:21)
E para olhar dentro, é necessário ver com os olhos do Espírito. Aqui entra a prática: no exato instante em que o Buscador percebe em si um pensamento de orgulho, uma emoção de inveja, um impulso de luxúria — detém-se. Observa. Sente. Reconhece. E então, num gesto de humildade profunda, clama à sua Mãe Divina:
“Mãe minha, elimina de mim este defeito!”
Não com palavras frias, mas com o fogo da concentração, com a imagem mental do defeito sendo aniquilado pela lança flamejante de Eros, com fé e devoção. O que ocorre nesse momento é Alquimia Real: transmutação do chumbo da personalidade no ouro do Ser.
Yeshua Ha’Meshiach sabia que o verdadeiro inimigo do homem é o eu interior multiplicado, os legionários psicológicos. Por isso expulsou demônios, mas sempre ensinava: “Vai, e não tornes a pecar” (João 8:11).
No Evangelho de Tomé, Ele declara:
“Se trazeis à luz aquilo que está dentro de vós, isso vos salvará. Se não o fizerdes, isso vos destruirá.”
Este “isso” é o eu psicológico. E só há uma forma de “trazê-lo à luz”: pela luz da auto-observação consciente e da oração fervorosa à Mãe Divina.
Siddhartha Gautama, o Buda, ensinava a mesma verdade em outras palavras:
“A vigilância é o caminho para a imortalidade. A negligência é o caminho da morte.”
E o Bhagavad Gita de Krishna canta:
“Ergue-te, ó Arjuna, e destrói teus inimigos interiores com a espada do discernimento!”(Bhagavad Gita 4:42)
Zoroastro revelou os dois caminhos da alma: Asha (Verdade) e Druj (Mentira). E a mentira mora onde mora o ego.
Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, declarou na Tábua de Esmeralda:
“Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.”
Este processo de separação alquímica ocorre dentro: separar o Ser da persona, o Real do ilusório.
Lao Tsé ensinava:
“Aquele que domina os outros é forte. Aquele que domina a si mesmo é poderoso.”
E essa força só nasce na morte constante do ego.
Na ciência da Gnose, a Divina Mãe é aquela que empunha a Lança de Eros, símbolo fálico-solar da transmutação, do Amor puro, da energia que sobe ao céu e destrói os demônios interiores. Ela é a força que:
Pulveriza o orgulho com humildade;
Dissolve a luxúria com castidade consciente;
Transforma a ira em amor compassivo.
No Livro de Enoque, lemos sobre os Vigilantes que corromperam a Terra. Enoque, arrebatado, vê os céus abertos, onde os Anjos purificadores eliminam os impuros. Assim como eles limpam os céus, a Mãe Divina limpa nosso templo interno.
Yeshua não apenas falou da cruz — Ele a viveu. O processo da morte do ego é uma crucificação mística. Cada vez que negamos a nós mesmos (nosso apego, orgulho, vaidade, vício), sofremos voluntariamente — não por masoquismo, mas por amor à Verdade. E esse sacrifício é a oferenda que atrai a Graça.
Disse Paulo de Tarso:
“Estou crucificado com o Mashiach; e já não sou eu quem vive, mas o Mashiach vive em mim.” (Gálatas 2:20)
Esse “Mashiach em mim” é a Presença EU SOU, o Logos Solar que só pode habitar um templo limpo de egos.
Na Kabbalah, os mundos inferiores da Árvore da Vida (Assiah e Yetzirah) são os domínios onde os egos operam. Mas pela morte constante, subimos a Tiphereth (a Alma Humana), até que a Luz de Kether (a Coroa Divina) brilhe em nós como o Sol dos Sóis.
O Sufi canta:
“Morre antes de morrer, e verás o que é a verdadeira vida.”
E o Jardim das Virtudes floresce na ausência do eu. A cada defeito eliminado, nasce uma flor: uma virtude, um dom, uma luz.
A Sabedoria de Sócrates ecoa:
“Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo e os Deuses.”
Mas esse autoconhecimento é mais que intelectual. É vivencial. E nele, só floresce o Ser quando o “eu” se dissolve.
O momento é este instante.
Quando o eu da impaciência surge — ORA.
Quando o eu da inveja se insinua — OBSERVA.
Quando a luxúria sussurra — ELIMINA.
Quando a vaidade tenta brilhar — DESVELA.
E sempre com a firme invocação:
“Mãe minha, elimina de mim este defeito!”
Assim, passo a passo, morte a morte, o Ser ressuscita.
O Mashiach interno emerge.
A Árvore da Vida floresce.
E a Divina Presença EU SOU reina gloriosamente em nós.
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.”— Yeshua Ha’Meshiach (Lucas 9:23)
A senda da Alma que busca a Verdade é longa, estreita e repleta de espelhos. Cada passo dado pelo peregrino consciente o aproxima da Luz, mas também revela, em contraste, as sombras escondidas nos recônditos de seu Ser. A gnose verdadeira — a epignosis, o conhecimento profundo e vivido — não é uma mera acumulação de informações espirituais. É uma jornada alquímica que exige transmutação interior, um fogo constante no altar do coração, onde o ego psicológico é sacrificado, gota a gota, sopro a sopro, na forja da presença viva do EU SOU.
A Divina Presença EU SOU, revelada a MOSHE (Moisés) no Sinai como Ehyeh Asher Ehyeh ("Eu Sou o Que Sou", Êxodo 3:14), não é um conceito filosófico ou religioso, mas a própria identidade secreta do Ser. Este é o Logos interior que habita no coração de toda criatura, o Atman dos Vedas, o Buddha-nature de Gautama, a Luz Incriada dos místicos sufis. Aquele que reconhece sua própria Presença EU SOU começa a morrer para o mundo das formas e a nascer para o mundo do Espírito. Em João 8:58, o Mestre Yeshua declarou com poder: “Antes que AVRAHAM (Abraão) existisse, Eu Sou.” Esta afirmação, aparentemente paradoxal, é a expressão de sua união com a Realidade Suprema que transcende o tempo e a personalidade. É o Ain Soph Aur da Kabbalah — a Luz Sem Limites que, descendo pelas emanações das Sephiroth, veste-se de forma para redimir o homem. Assim, o gnóstico, aquele que busca a redenção pela luz do conhecimento, deve viver não como uma sombra da humanidade, mas como um reflexo consciente do EU SOU em ação. E isso só é possível com a prática contínua da auto-observação e da Morte em Marcha.
A Morte em Marcha não é uma metáfora poética. É um ato preciso, silencioso e impiedoso de morte do ego, conduzido sob o olhar da Mãe Divina, a Senhora da Noite Iniciática. Cada vez que um pensamento de orgulho, inveja, luxúria, medo ou julgamento é identificado no teatro interior da mente, do coração ou da ação, o buscador deve clamar com súplica sincera:
"Minha Mãe Divina, em nome do Mashiach Vivo dentro de mim, elimina este defeito agora!"
Este processo é alquímico. Assim como o chumbo é transmutado em ouro no laboratório do Adepto, o desejo bruto é sublimado em Amor Divino. Hermes Trismegisto escreveu: "O que está embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma só coisa." .
E essa “uma só coisa” é o Mashiach Íntimo, o Fogo do Espírito que transmuta, purifica e liberta.
A continuidade da auto-observação é a chave. Lao Tsé dizia: "Aquele que vence os outros é forte; aquele que vence a si mesmo é poderoso." Mas essa vitória não é uma conquista única e gloriosa. É uma sequência infindável de pequenas mortes: um pensamento impuro que não se concretiza; um julgamento que se dissolve em compaixão; um desejo que se transmuta em serviço.
A psicologia gnóstica reconhece três centros principais na constituição humana:
Centro Intelectual (Cabeça) — onde surgem os pensamentos e raciocínios.
Centro Emocional (Coração) — onde se manifestam as emoções e sentimentos.
Centro Motor-Instintivo-Sexual (Vontades) — onde agimos, reagimos e desejamos.
A auto-observação contínua destes centros é um exercício de vigilância interior, semelhante ao zazen do Zen-Budismo ou à prática do muraqaba dos sufis. O Evangelho de Tomé (Logion 70) afirma: "Quando derdes nascimento àquilo que tendes dentro de vós, isso vos salvará." . Mas esse nascimento só é possível com a morte dos agregados que habitam esses centros. Siddharta Gautama, o Iluminado, dizia que o sofrimento nasce do desejo. Krishna, na Bhagavad Gita, ensina Arjuna a guerrear contra seus próprios apegos e fraquezas. Zoroastro apontava para a eterna batalha entre o bem e o mal dentro do coração humano. Sócrates, por sua vez, afirmou: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.". Todos esses mestres nos convidam à mesma prática: a morte dos eus ilusórios que obscurecem a luz do Ser.
No Livro de Enoque, encontramos descrições de julgamentos espirituais realizados nos céus, onde os Anjos caídos e os filhos das trevas são pesados e encontrados em falta. O gnóstico entende que esse julgamento ocorre, simbolicamente, dentro de cada um. Somos os Nephilim — a mistura de luz e trevas. Enoque, o iniciado, representa aquele que sobe aos céus porque foi capaz de julgar a si mesmo com retidão.
Assim também ensina Yeshua: "Com a medida que medirdes, vos medirão também a vós" (Marcos 4:24). A Morte em Marcha é o julgamento voluntário e constante que impede que sejamos julgados no final por não termos feito a purificação necessária.
É necessário repetir: a força de vontade (Thelema) é indispensável. A morte de um defeito não é definitiva após uma súplica. Ele tentará ressurgir, se a vigilância cessar. Como disse o Mestre Yeshua: “O espírito imundo, ao sair do homem, anda por lugares áridos… e voltando, encontra a casa vazia e varrida, e traz consigo outros sete espíritos piores” (Mateus 12:43-45). Por isso, a prática não pode cessar. A vigilância é contínua. A oração é constante. A morte deve ser diária, momento a momento. E um dia, por Graça, o ego morre por completo, e apenas o EU SOU permanece. Esse é o verdadeiro Renascimento. O Reino de Deus se manifesta dentro de nós (Lucas 17:21).
Quando a Mãe Divina elimina um defeito, mesmo que momentaneamente, experimentamos uma liberdade que não é deste mundo. Não é alegria emocional, nem prazer sensorial. É Paz. É Silêncio. É a Presença do Ser. Essa prática é a verdadeira iniciação. Não importa quantos livros se leu, quantos rituais se fez ou quantos títulos se possui. O verdadeiro iniciado é aquele que morre a cada instante para tudo o que é falso dentro de si. E então, um dia, a Alma renascida poderá proclamar com Yeshua, com Krishna, com Buda, com todos os grandes Mestres:
“Já não sou eu quem vive, mas o Mashiach vive em mim.”— (Gálatas 2:20)
"EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida" (João 14:6). Com essas palavras o Mestre Yeshua Ha'Meshiach revelou o profundo mistério que habita dentro de cada ser humano, a Divina Presença EU SOU, essa centelha sagrada que é o ponto de partida para qualquer transformação verdadeira e duradoura. Muitas almas peregrinam pela vida buscando mudanças exteriores, ajustes superficiais na aparência das coisas, mas como ensinou Yeshua: "limpai primeiro o interior do cálice, para que também o exterior fique limpo" (Mateus 23:26).
Na senda do autoconhecimento gnóstico, sabemos que a verdadeira mudança só pode emergir do âmago do nosso ser, de nossa consciência mais profunda. Zoroastro, na sabedoria antiga persa, ensinou que o conflito entre Ahura Mazda, a Luz divina, e Angra Mainyu, a sombra do ego, ocorre diariamente dentro do coração de cada indivíduo. Assim como Krishna revelou no Bhagavad Gita que o maior campo de batalha é a consciência do próprio homem, onde Arjuna luta contra seus próprios parentes internos, simbolizando os eus psicológicos que disputam o controle da mente e do coração. Esses eus psicológicos são como as "legiões" que o Mestre Yeshua expulsou do homem possuído (Marcos 5:9), espíritos internos de desejos desenfreados, medos, paixões descontroladas e pensamentos negativos que aprisionam nossa verdadeira essência. O grande filósofo grego Sócrates já nos alertava: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo." Este conhecimento profundo é o caminho alquímico da transformação do chumbo bruto da ignorância no ouro luminoso da sabedoria. Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, em sua Tábua de Esmeralda, afirma com clareza luminosa: "O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima, para realizar o milagre da Unidade". Assim, para transformar o mundo exterior devemos primeiro transformar nosso mundo interior, realizando a unificação dos opostos alquímicos, dos elementos internos divergentes que nos dividem e fragmentam. Lao Tsé ensinou no Tao Te Ching: "Aquele que conhece os outros é sábio, mas aquele que conhece a si mesmo é iluminado." Tal iluminação interna só é possível mediante uma prática constante de auto-observação consciente, disciplina ensinada amplamente nos Evangelhos gnósticos, como no Evangelho de Tomé: "Se trouxeres à luz aquilo que está dentro de ti, aquilo te salvará; mas se não trouxeres à luz aquilo que está dentro de ti, aquilo te destruirá.". O Livro de Enoque revela claramente a jornada da alma pelos reinos internos, a busca pela libertação das amarras do ego simbolizadas pelos "anjos caídos", forças internas que perderam sua conexão com a Divina Presença EU SOU. A reintegração destes aspectos perdidos se dá por meio da purificação espiritual e do despertar da consciência, retornando à plenitude da Unidade com Deus. O Mestre Siddharta Gautama, o Buda, também enfatizou este caminho interno ao declarar: "Nem no céu, nem no meio do oceano, nem no cume das montanhas, encontrareis refúgio contra o sofrimento; somente no interior de vós mesmos podereis encontrar o refúgio seguro." Este refúgio interior é precisamente a divina presença EU SOU, o Mashiach Interno mencionado por Paulo em Gálatas 2:20: "Não mais eu vivo, mas o Mashiach vive em mim.". Os sábios da Kabbalah, através da Árvore da Vida, também indicaram o caminho claro de ascensão espiritual pela eliminação progressiva dos véus da ilusão (Klippot), que obscurecem a verdade interna, a luz divina que habita em nosso íntimo. O mestre sufi Jalaluddin Rumi confirma esta verdade quando diz: "Não és uma gota no oceano, és o oceano inteiro em uma gota.". Portanto, Buscador e Buscadora da Verdade, compreendei bem que a única mudança verdadeira e duradoura é a transformação radical da própria consciência. Não vos deixeis enganar por mudanças superficiais e temporárias. Olhai para dentro, vigiai-vos e orai incessantemente (Mateus 26:41), entregai-vos à Grande Obra Alquímica, e pela graça da Divina Presença EU SOU, alcançareis a verdadeira metamorfose espiritual, o despertar pleno para a Eternidade da Consciência, a Verdade que liberta definitivamente.
Amado Buscador, Amada Buscadora da Verdade,
Que a divina luz da Presença EU SOU resplandeça com toda força em teu íntimo coração, revelando-lhe, com clareza imaculada, os caminhos estreitos que conduzem à Verdade Suprema. Pois assim como afirmou o divino Mestre Yeshua Ha'Meshiach, "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará" (João 8:32). Esta libertação, todavia, só ocorre quando nos empenhamos sinceramente na dolorosa tarefa de observar-nos profundamente e remover os véus da ilusão.
Um dos maiores empecilhos na senda da iluminação é a ilusão da perfeição pessoal ou a complacência com as próprias fraquezas. Em verdade, quem acredita não possuir graves defeitos, como bem alerta o gnóstico Evangelho de Tomé, está adormecido e cego para si mesmo: "Se conheceis o que está diante de vossa face, o que está oculto vos será revelado, pois não há nada oculto que não venha a ser manifestado". Esta revelação é um chamado constante à auto-observação rigorosa, sem complacências nem autoenganos.
Hermes Trismegisto, na Tábua de Esmeralda, ensina: "O que está abaixo é como o que está acima, e o que está acima é como o que está abaixo, para realizar os milagres de uma única coisa". Significa que nossos defeitos psicológicos, os incontáveis Eus internos, refletem uma realidade espiritual desajustada que precisa ser purificada. Sem confrontarmos corajosamente esses Eus inferiores, permaneceremos presos no eterno retorno de nossos vícios, perpetuando sofrimento e ignorância.
Observemos a figura do Mestre Yeshua diante dos hipócritas fariseus, conforme narrado nos Evangelhos. Eles presumiam-se justos, sem reconhecerem que por detrás das máscaras de piedade ocultavam orgulho, inveja e arrogância. Assim, Yeshua sabiamente os advertiu: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, pois sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia" (Mateus 23:27). Tal advertência é um espelho colocado diante de nós: temos coragem de olhar verdadeiramente para dentro?
Como enfatiza o Livro de Enoque: "Observai as estrelas e compreendei que sois pó; mas vossa essência é divina". Reconhecer a dualidade do nosso ser é a essência do autoconhecimento gnóstico. Sidharta Gautama, o Buda, chamou esse despertar de "atenção plena" (Satipatthana), recomendando que se observem atentamente os fenômenos internos e externos para compreender o ciclo incessante de desejos e sofrimentos que nos dominam inconscientemente.
Krishna, no Bhagavad Gita, instrui Arjuna com sabedoria semelhante: "Aquele que conquistou a si mesmo, para si mesmo é amigo; porém, para quem não o fez, seu próprio eu torna-se seu inimigo" (Bhagavad Gita 6:6). A batalha de Kurukshetra simboliza precisamente essa luta interior contra nossos próprios Eus inferiores, que disfarçados se escondem até mesmo nas "cadências da oração", como bem advertiu o sábio Samael Aun Weor.
Zoroastro ensinava que a escolha consciente pela pureza (Ahura Mazda) contra a ignorância e o mal (Angra Mainyu) deve ser feita diariamente. Esta escolha implica em constante vigilância e decisão consciente de abandonar nossas defesas egóicas, aquelas ilusões que confortavelmente protegemos.
Lao Tsé nos aconselha no Tao Te Ching: "Quem conhece os outros é sábio; quem conhece a si mesmo é iluminado". Essa iluminação surge quando a auto-observação revela nossas falhas escondidas.
Sócrates, em profunda sintonia com esta sabedoria universal, proclamava: "Conhece-te a ti mesmo". Sem esse conhecimento profundo e sincero, a verdadeira alquimia espiritual não pode ocorrer.
A Kabbalah afirma claramente que devemos elevar-nos pelas sefirot da Árvore da Vida, da ignorância de Malkuth à compreensão iluminada de Kether. Cada passo nesta ascensão exige que abandonemos as ilusões egóicas que tanto estimamos secretamente.
Finalmente, o Sufismo ensina através do poeta e sábio Rumi: "A ferida é o lugar por onde a luz entra em você". Precisamos aceitar humildemente que somos portadores dessas feridas psicológicas para que a Luz da Presença EU SOU penetre e cure profundamente nossos Eus inferiores, transmutando as sombras em Virtudes divinas.
Que Minerva, símbolo alquímico e gnóstico, com sua lança sagrada, expulse os vícios ocultos do Jardim das Virtudes em nossos corações, permitindo assim que floresçam plenamente a Sabedoria, o Amor e a Verdade Divina.
"Eu Sou a Luz do Mundo", declarou Yeshua, "aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (João 8:12). Que esta Luz nos ilumine, purifique e guie nesta grande obra de autoconhecimento e autotransformação.
Na presença e na glória da Divina Presença EU SOU e o glorioso nome de יֵשׁוּעַה הַמָּשִׁיחַ, assim seja. Amen!
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